Capítulo 6
Payton
Apenas era quinta-feira e eu já estava ficando louca. Na segunda-feira, fui fazer compras com minha mãe e o cartão de Roland, porque não havia como meu cartão ser aceito nas lojas para onde ela me levou. Eu sabia que Roland tinha dinheiro, mas não fazia ideia de quanto. Sua casa é a mais bonita em que já pisei, mas não é nova e chamativa. Na verdade, está em um condomínio mais antigo e, pelo que entendi, é a mesma casa que ele tinha com sua primeira esposa.
As mulheres na loja pareciam todas conhecer minha mãe e, pela aparência das roupas que vendiam, eu sabia por que minha mãe agora parecia uma Esposa Perfeita. Não era nada parecido com o que eu escolheria para mim mesma, mas minha mãe e as vendedoras pareciam pensar que era o que eu precisava para trabalhar em uma firma tão prestigiosa. Tenho que admitir, quando experimentei alguns vestidos, o toque do tecido e o caimento das roupas eram como nada que eu já tinha experimentado. Acabei cedendo e permiti que minha mãe cobrasse dois vestidos e algumas saias e blusas na conta de Roland, mas eu coloquei um limite na lingerie. De jeito nenhum eu iria modelar lingerie para ninguém. Exceto talvez para o Jake.
Ok, de onde diabos veio esse pensamento? Da minha imaginação de repente superativa, é de onde. Deve ser porque tenho tempo livre em minhas mãos pela primeira vez em anos. De jeito nenhum ele poderia ser tão atraente como eu me lembro, até pensar nele me deixava excitada e corada. Eu até o estava vendo nas ruas e tenho certeza de que ele teria pouco interesse em estar no Gaslamp Quarter. Não é como se ele comprasse suas calças jeans em uma boutique. Droga, agora estou pensando em como suas calças jeans abraçavam suas coxas musculosas.
Cristo no pão! Eu tenho que sair desta casa. Ainda bem que vou passar o dia com duas amigas minhas. Todos nós seguimos caminhos diferentes depois do ensino médio, mas mantivemos contato e nos visitamos quando estávamos em casa. Melissa estava de volta a San Diego há dois anos e trabalhava como assistente jurídica. Kara tinha acabado de voltar para a cidade e era enfermeira. Eu estava mais do que ansiosa para colocar o papo em dia com elas adequadamente. Vestindo meu novo jeans e camiseta que comprei ontem no shopping, peguei minha bolsa e saí pela porta.
Enquanto caminho do meu carro para o restaurante, ouço um barulho alto e olho para cima. Uma moto baixa passa lentamente e eu poderia jurar que é o Jake. O cabelo e a barba, o tamanho dos ombros, tudo parece com ele. Eu balanço a cabeça e faço um discurso de incentivo para mim mesma. Há milhares de homens da idade e tamanho dele que andam de moto e a maioria deles tem cabelos compridos e barbas. Além disso, não é como se ele estivesse me seguindo, caramba.
Entro no restaurante e vejo a Kara sentada em uma mesa no deque de trás. Ela é fácil de ser vista com seus cabelos cacheados vermelhos que ela sempre amaldiçoou. Eu mataria para ter seus cabelos e seus olhos verdes hipnotizantes. Sempre me sinto como uma Joana D'Arc ao lado dela, com meus olhos castanhos e cabelos castanhos. E nem comece a falar da Melissa com seus cabelos loiros e olhos azuis. Certamente todas temos uma aparência diferente e eu sempre me sinto como o patinho feio do grupo. Mas elas são minhas melhores amigas, são desde o ensino médio e espero que sejam por muitos anos.
Kara me vê chegando e se levanta para me envolver em um abraço apertado. "É tão bom te ver!" Ela exclama.
Antes que eu tenha a chance de responder, ouço "E eu?"
Me viro e Melissa está lá de braços abertos. É tão bom estar de volta em casa com minhas melhores amigas. Não temos muito tempo para colocar o papo em dia adequadamente porque Melissa está em sua pausa para o almoço, mas prometemos sair no próximo fim de semana para uma noite só de garotas. Melissa e eu estaremos livres todos os fins de semana, a menos que Melissa esteja trabalhando em um caso para seu chefe idiota, como ela o chama. Kara, trabalhando na ala neonatal do hospital, só tem uma noite de sábado livre por mês e o próximo sábado acontece de ser esse dia.
Quando saímos do restaurante, Kara, não alguém para ser discreta, para abruptamente. "Doce Jesus, como eu gostaria de andar naquele grandão."
Eu sigo a direção do olhar dela e lá está o Jake sentado naquilo que tenho quase certeza ser a mesma moto que passou por mim mais cedo. Que diabos?!
Melissa ri. "A Harley ou o motociclista?" Ela pergunta.
"Ambos e não me importo em qual ordem," responde Kara, mandando um beijo para Jake.
Eu respiro fundo, acostumada com as palhaçadas delas, e continuo meu caminho como se não tivesse ideia de quem ele é. Mas não antes de ver o sorriso presunçoso no rosto dele ou o piscar de olhos que ele nos lança. Arrogante.
Jake
Sim, eu admito, me tornei um pouco obcecado. Não consigo evitar. Quanto mais investigamos meu pai, Wallace, e os Devils, mais preocupado fico. Não por ele. Eu não dou a mínima para ele. Ele fez a cama dele, agora que deite nela, espero que por toda a eternidade. Tínhamos terminado de colocar nosso plano em prática nas primeiras horas da manhã. Eu não era mais um mecânico, mas agora parte dos serviços de segurança que oferecemos. Eu tinha minha própria equipe por enquanto. Era parte de como eu iria entrar no mundo do meu pai.
Candidatar-se a prefeito de San Diego poderia se tornar perigoso e ele precisaria de proteção pessoal. Sim, estávamos em uma cidade relativamente segura, mas sendo uma cidade portuária, sempre havia o risco de drogas e imigrantes ilegais. Depois do que aconteceu com a filha e a esposa de Wallace no ano passado, com certeza o querido papai iria querer proteger sua nova família. Além disso, agora sabíamos que os Devils tinham alguns ex-fuzileiros navais em suas fileiras também. Agora era pessoal. Tínhamos uma reputação a manter e a reputação dos Fuzileiros não seria manchada por uns idiotas querendo ganhar dinheiro fácil.
Notei Payton se enrijecer quando passei por ela uma hora atrás enquanto ela caminhava do carro para o restaurante. Ela não me notou quando saiu da casa de Roland, estava muito concentrada no celular. Eu teria que falar com ela sobre isso. As mulheres precisavam saber como se cuidar, mesmo que fosse plena luz do dia, não estar ciente de seus arredores era se colocar em perigo.
Também notei o choque em seu rosto quando saiu do restaurante com outras duas mulheres. Todas pararam e me olharam. A ruiva me devorou com os olhos, enquanto a loira alta disse algo, fazendo todas rirem. Payton tentou agir como se não tivesse a menor ideia de quem eu era, mas vi o rubor em seu rosto e o quão rapidamente ela se virou. Era óbvio que a ruiva adoraria uma apresentação. Ela estava envergonhada de mim? Ou era algo mais. Interessante.
Eu as observo agora enquanto se afastam juntas rindo e brincando. Evidentemente são boas amigas. Não consigo deixar de notar o quão curvilínea Payton é em comparação com suas amigas. Droga. Agora tenho que andar de moto com uma ereção. Isso não é a coisa mais confortável do mundo. Fico ali pensando sobre minha infância e meus dois turnos até conseguir andar confortavelmente novamente.
Assim que me preparo para montar na minha moto, sinto meu celular vibrar. É Luke. "Luke," digo em forma de cumprimento.
"Wallace está desaparecido. Ele não apareceu para trabalhar hoje e ninguém o viu. Você precisa entrar lá o mais rápido possível." Com isso, ele desaparece.
Merda. Eu estava pensando que ainda tinha tempo para trabalhar em minhas habilidades de atuação, mas isso pode realmente funcionar a nosso favor. Com Wallace desaparecido antes mesmo de anunciar publicamente que estava saindo, isso vai contribuir para minha insistência de que Roland e sua família precisam de proteção. Acho melhor arrumar uma mala e visitar meu velho.