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Zane atravessou o clube noturno com passos firmes. Ele estava em seu escritório no terceiro andar quando Jax o chamou, pedindo que fosse até a sala de contagem. Zane sabia que Jax não teria pedido se não fosse algo que ele precisasse lidar. Ele ainda estava irritado por ter sido interrompido e prometeu a si mesmo que quem causou aquilo pagaria o preço. Zane sorriu quando duas mulheres o chamaram para se juntar a elas. Ele não tinha tempo para parar e conversar, mas deixou seus olhos percorrerem os corpos de ambas. Ele se lembrou de que deveria voltar depois de resolver aquilo. Ele chegou à porta que levava à área dos fundos do clube noturno, segurou seu cartão no scanner e digitou seu código. Ele suspirou ao entrar no corredor branco, deixando o som abafado da música e das conversas para trás quando a porta se fechou. O clube noturno era um bom investimento e uma boa base de operações. Mas o barulho poderia enlouquecer até o homem mais são. Ele caminhou pelo corredor avistando Jax logo à frente. Ele estava prestes a perguntar ao seu braço direito por que o havia chamado quando um estrondo ecoou pelo corredor. As mãos de ambos os homens instintivamente alcançaram suas armas, mas nenhum deles as sacou. Uma voz feminina alta gritou, Zane não conseguiu distinguir as palavras, mas ela parecia irritada.

"Zane, temos uma situação", disse Jax.

"Tá de brincadeira, né? O que tá pegando?" Zane perguntou. Ele brevemente considerou que uma de suas ex-amantes ou ex-namoradas estava fazendo um escândalo. Não seria a primeira vez. Mas ele não conseguia se lembrar de ter irritado nenhuma mulher ultimamente.

"Dave e Tobias voltaram da missão", disse Jax.

"Eles conseguiram cobrar?" Zane perguntou, irritado por ter sido chamado para uma simples cobrança de dívida.

"Pode-se dizer que sim", disse Jax, parecendo sério. Outro grito soou vindo da sala de contagem e Zane já estava cansado. Ele se aproximou, destrancou a porta e a empurrou. Por pura sorte, o grampeador que voou passou raspando por sua cabeça e acertou a moldura da porta. Os olhos de Zane o seguiram enquanto caía no chão com um segundo estrondo. Ele olhou para cima e viu um anjo. Levou um momento para perceber que não era um anjo, mas uma mulher assustada e chorando. Mesmo com a bochecha machucada, o lábio cortado e as lágrimas rolando pelo rosto, ela continuava linda. Seu cabelo loiro mel que em algum momento estava preso em um rabo de cavalo, agora caía em grandes mechas sobre os ombros e o elástico solto segurava apenas as camadas de trás do cabelo. Seus olhos azuis claros estavam inchados de tanto chorar, mas não tiravam sua beleza. O suéter folgado e o jeans não conseguiam esconder as curvas que despertaram o desejo de Zane. O corpo voluptuoso o chamava. Ele relutantemente desviou o olhar da mulher quando ela atirou uma caneta em seus homens. Ambos olhavam para ele e não viram o objeto vindo. A caneta acertou Tobias no peito com um leve baque, antes de cair no chão. Zane notou que Dave pareceu empalidecer um pouco ao olhar de volta para Zane. Interessante, pensou Zane. Jax ficou atrás do ombro direito de Zane e observou a cena. A mulher segurava outra caneta e a lançou em Dave e Tobias, que desviaram enquanto o objeto passava entre eles. Zane conseguia ouvir as palavras que ela gritava agora.

"Afastem-se, fiquem longe de mim, fiquem longe", ela gritava, repetidamente. Ela continuava gritando mesmo parecendo ter acabado as coisas para jogar. Zane estava mais do que interessado em saber exatamente o que estava acontecendo. Mas ele não conseguia se concentrar com toda aquela gritaria.

Ele contornou a mesa em direção a ela, ela se encolheu em um canto, estendendo as mãos à sua frente, repetindo as mesmas frases uma e outra vez. Zane segurou ambas as mãos dela com uma das suas e ficou bem na frente dela, olhando nos olhos brilhantes.

"Você vai calar a boca!" ele rugiu para ela. Ela ficou em silêncio e ele viu lágrimas começarem a encher seus olhos, seus lábios tremiam. Ah, droga, ele pensou. Como a maioria dos homens, uma mulher chorando o assustava profundamente. Ele preferiria ter um tiroteio com cem de seus piores inimigos do que lidar com uma mulher chorando. Sua solução para o problema foi soltar as mãos dela, notando as marcas vermelhas brilhantes ao redor dos pulsos, e virar as costas para ela. Longe da vista, longe da mente. Ele não era tão eficaz em bloquear os soluços silenciosos que vinham de trás dele, mas os ignorou. "Alguém pode me dizer por que diabos minha máquina de contar dinheiro está destruída no chão e por que eu quase fui decapitado por um grampeador voador maldito?" ele rosnou para os outros três homens na sala. A sala ficou em silêncio, exceto pelos soluços suaves da mulher. Zane encarou Dave e Tobias. "Já que obviamente é muito difícil para vocês responderem, vamos começar com o básico. Vocês foram cobrar?" Zane perguntou, sentindo seu sangue subir. Se ele não recebesse algumas respostas em breve, não seria responsável por suas ações, cabeças voariam. Havia uma chance de cinquenta, cinquenta de que literalmente seriam separadas do corpo de alguém.

"Sim, chefe, fomos", disse Dave.

"Vocês conseguiram cobrar?" Zane perguntou, com um suspiro.

"Cobramos, Cobler não tinha o dinheiro. Mas ele ofereceu os serviços de sua sobrinha como forma de pagar a dívida", Tobias sorriu. Zane sentiu um impulso primal de socar o homem no rosto. Ele respirou fundo e lembrou a si mesmo que o homem era novo na família, ele tinha permissão para um erro. Apenas um. Dave, por outro lado, deveria saber melhor.

"Explique", Zane exigiu do homem.

"Parecia ser um acordo melhor do que voltar de mãos vazias", Dave deu de ombros. Zane lançou um olhar para Jax e seu braço direito assentiu. Ele sabia o que Zane queria.

"Vá com Jax, eu vou limpar sua maldita bagunça", rosnou Zane.

"Sim, chefe", disse Dave. Tobias deu a Zane um olhar que expressava desafio e um desejo de recuperar o que ele sentia ser seu por direito. A mulher, pensou Zane. Ele esperou até os outros três homens saírem antes de se virar novamente. Mesmo em seu estado desalinhado, a jovem mulher parecia inocente e havia uma aura de bondade ao seu redor. Zane sentiu uma necessidade de corrompê-la, de mostrar-lhe o lado sombrio da vida e prendê-la lá com ele. Ele nunca tinha conhecido alguém como ela, e o pensamento do que poderia fazer com ela, por ela, enviou um arrepio prazeroso por ele. Um sorriso malicioso se espalhou por seus lábios.

Ava ficou petrificada, encurralada no canto da sala com o homem gigante na sua frente. Se o homem loiro era bonito, esse homem era como algo criado de um sonho molhado, transformado em um ser vivo vestindo um terno bordô que mostrava seu corpo tonificado. Se ela não estivesse tão petrificada, Ava estaria babando. Assim que ele entrou na sala, seu cérebro o notou com seu cabelo escuro penteado para trás, seus olhos cinza pálido e uma sombra de barba. No início, ela tinha esperança de que ele fosse seu salvador, mas ele a encurralou no canto e berrou com ela. Parecia que ele era o chefe dos outros três homens. Ava teve um pensamento fugaz se aquele lugar estava cheio de homens bonitos de terno. Ela imediatamente afastou o pensamento como altamente inapropriado na situação. O Sr. Pequeno tinha dito algo sobre seu tio devendo dinheiro a eles e não podendo pagar, que ele tinha vendido o corpo dela para quitar sua dívida. Mas não podia ser verdade. Era verdade que seu tio costumava ter um problema com jogos, e era verdade que ela frequentemente sentia que ele não se importava com ela. Mas vendê-la para aqueles homens? Não, ela não podia acreditar nisso. E agora ela estava presa atrás desse gigante, homem bonito. Quando a porta se fechou, deixando os dois sozinhos, ele se virou e um sorriso gelado se espalhou pelo rosto do homem enquanto ele olhava para Ava.

"Jonas Cobler é seu tio?" ele perguntou. O corpo de Ava tremia de medo e ela tentava impedir seu lábio inferior de tremer. O olhar nos olhos dele é algo que para sempre estará em meus pesadelos se eu sobreviver a isso, ela pensou.

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