




2 . Meu lado pervertido secreto
"E aí, como é o nosso novo chefe?" Ouço uma voz provocadora cortar o silêncio no momento em que entro no meu quarto e fecho a porta com um baque surdo. Fixo meus olhos na mulher sentada no meu sofá de pernas cruzadas; Kate está olhando uma revista cuja capa tem o nosso rosto mais famoso, a estrela da empresa.
"Como já era de se esperar, um idiota," respondo, dando uma respirada funda enquanto caminho até à minha mesa. "Ele age todo poderoso como você esperaria de alguém que conseguiu o cargo por causa de sua família."
Ela me olha com uma expressão cética, "Ele tem um bom histórico, no entanto."
Beleza, mas olha só. O currículo de Abraham Pollock é muito bom, e ele já foi CEO de outras empresas, mas, sinceramente, é um absurdo que ele tenha conseguido essa posição só por ser da família, enquanto eu tô aqui por seis anos, me matando te tanto trabalhar e dando o meu melhor.
Essa vaga tinha que ser minha.
Todo mundo sabe disso.
Todo mundo acreditava nisso...
Mas tudo desmoronou quando o Sr. Pollock apareceu.
"Você é minha amiga, Kate. Você deveria estar do meu lado," murmuro, afundando na minha cadeira e espalhando meu corpo ao redor. Inclino minha cabeça para trás, mantendo meus olhos fixos no teto.
Este dia está péssimo. Já me sinto cansada, e mal começou.
"Sim, eu sou sua amiga, sua linda..." Ela fecha a revista e a joga na mesa, levantando-se vindo até mim, "É por isso que tô aqui, pra te dar uma força, pra te fazer sentir melhor."
"E como você pensa em fazer isso?" Eu resmungo, baixando meu rosto para vê-la se apoiando na mesa diante de mim. Seu cabelo castanho, preso em um coque alto e apertado, e sua aparência tímida não chegam nem perto de mostrar a verdadeira natureza de Kate.
E o mesmo vale para mim.
Neste lugar, eu sou a única que conhece o segredo de Kate - e ela é a única que conhece o meu.
"Bem... Sr. Loyd." Ela fala com aquele sorriso travesso, e eu já consigo imaginar o que ela vai sugerir.
Puxo uma mecha do meu cabelo, enrolando a mecha preta ao redor do meu dedo indicador, "E o que acha dele?"
"Ele está procurando uma Sub para brincar esta noite." Kate levanta as sobrancelhas, depois aponta para mim, "Uma brincadeira pública no clube."
Paro de mexer no meu dedo, segurando firmemente a mecha nele, inclinando levemente a cabeça... "Mas ele deve ter encontrado alguém, certo? Você sabe que ele é bastante popular entre as Subs."
"Ele até me disse que quer você." O sorriso de Kate fica ainda mais malicioso, me fazendo revirar os olhos, "Vamos, eu sei que você jurou não se entregar a nenhum outro Dom, mas vocês dois já brincaram juntos outras vezes... e você realmente tem o fogo, admita."
Bem, é verdade. Já brincamos juntos algumas outras vezes... ultimamente com uma frequência ainda maior. O Sr. Loyd é o único com mão firme para lidar comigo, e é por isso que funcionamos muito bem juntos.
Ainda assim, uma brincadeira pública...
"Não é nada demais," Kate fala, quase como se tivesse lido meus pensamentos. "Não é como se ele fosse colocar uma coleira em seu pescoço, Vicky. Ele precisa de uma Sub que goste de Impact Play, e eu não conheço ninguém que goste mais do que você."
Suspiro, enrolando meu cabelo em volta do meu dedo novamente.
Uma brincadeira pública...?
Bem, eu realmente preciso clarear a minha mente depois de encontrar o Sr. Nepotismo... E o que poderia ser melhor que um pouco de adrenalina?
[…] Quando a noite chega, posso sempre liberar meu lado mais sombrio.
Meu lado kinky secreto
Neste clube escuro, onde a luz vermelha domina até mesmo aqueles que gostam de dominar, sinto-me em paz, como se tivesse encontrado meu lugar neste mundo. E de fato, encontrei - o Clube Obelisco é como minha segunda casa.
Por isso, quando me apoio no balcão, sou recebida com um sorriso de Noah, o barman que trabalha aqui há pelo menos dois anos. Ele bate no balcão algumas vezes e pergunta, enquanto me sento, “Martini esta noite?”
“Não... Vou participar de um showzinho.”
Ele levanta as sobrancelhas, apoiando os braços cruzados no balcão diante de mim, “Então você é a que vai brincar com o Sr. Loyd?”
“Uh-hum.” Dou um sorriso suave, “Apenas um refrigerante seria bom.”
“Imediatamente.” Ele se vira, preparando as bebidas, me dando tempo suficiente para respirar fundo e pentear meus longos cabelos para trás, sentindo as mechas pretas tocarem a pele exposta da minha lombar.
Olho ao redor, notando que o clube está realmente cheio hoje... Talvez a notícia de uma brincadeira pública tenha atraído mais pessoas do que o habitual. E confesso, isso me traz uma ansiedade que percorre meu corpo e arrepia cada centímetro da minha pele.
Rapidamente, avisto Kate na multidão, e não demora muito para que ela me encontre também e comece a caminhar em minha direção. Seu cabelo castanho agora está solto, e suas roupas estão longe de serem discretas. E preciso dizer, ela não parece a mesma quando veste roupas de látex, sua vestimenta usual de dominatrix.
“Estou seriamente considerando me apresentar em público também...” Kate diz quando finalmente alcança o bar, ficando ao meu lado com o braço apoiado no balcão, “Algo humilhante, o que você acha?”
Certo... Além disso, ela também é uma sádica promíscua, nunca se comprometendo com nenhum de seus pobres subs...
Não que eu possa dizer algo sobre esse assunto, de qualquer forma.
“Tá bem cheio hoje, né?” Kate diz em voz alta, mas não consigo dizer se está falando comigo ou com Noah, que está me servindo o refrigerante. “Ouvi dizer que um novo Dom se mudou para a cidade e está vindo para o clube. É verdade?”
Dou um gole no refrigerante, tentando aliviar minha boca subitamente seca...
“Oh, você deve estar falando do Sr. Pollock-”
Me engasgo, interrompendo Noah, que me olha espantado, sem saber o que fazer porque estou tossindo, engasgando, e meu nariz está queimando por causa do maldito refrigerante.
Meus olhos estão lacrimejando enquanto Kate me dá tapinhas nas costas, tentando aliviar essa tosse que está me fazendo perder o fôlego.
Mas este não é o momento para isso... definitivamente não é o momento...
“Você acabou de fala Sr. Pollock?” Pergunto entre ofegos, minha voz aguda e engasgada. Troco um olhar desesperado com Kate, que, como eu, está surpresa. Parece ser a primeira vez que ela ouve falar sobre isso.
“Sim, ele chegou ontem,” Noah diz, confuso, colocando um copo de água com três cubos de gelo diante de mim. “Ele é um Mestre famoso no meio, na verdade... Ouvi Madame Shamant comentar que ele costumava treinar submissas.”
“Treinar submissas?” Pergunto novamente, dando um gole na água que me refresca, aliviando a sensação dolorida na garganta.
“Escravas,” Noah diz, coçando a nuca, “Ele ensina submissas a serem boas escravas.”
“Você está dizendo que não só ele faz parte desse mundo, mas que ele é um Mestre?” Minha voz está falhando, e certamente não é porque quase me afoguei no refrigerante.
“Bem, na verdade, ouvi dizer que ele não ensina mais.” Ele aponta, com os olhos além de mim, “E falando no diabo... Ele está ali.”
Não.
Não, não, não....
Me viro bruscamente, olhando para trás, desejando que fosse um mal-entendido, uma grande bagunça... desejando tanto que não fosse o meu arrogante novo chefe que estava ali, mas... Mais uma vez, o Sr. Pollock despedaça minhas esperanças com sua presença.
Não há dúvidas.
A mandíbula quadrada, as covinhas no rosto magro que se somam à barba fina, e aquele cabelo preto perfeitamente penteado não me permitem enganar, especialmente quando meus olhos descem para os ombros largos, para este corpo musculoso que consigo notar muito melhor quando ele não está usando terno.
Tudo isso, infelizmente, pertence ao homem que vi mais cedo no escritório.
Meu novo chefe.
O cara que roubou minha promoção dos sonhos.
Seus olhos se cruzam na minha direção, me fazendo virar abruptamente e esconder meu rosto. De repente, não me sinto mais segura nesta máscara de renda que cobre apenas ao redor dos meus olhos.
“Então o Sr. Pollock é um Dom?” Kate diz com diversão, quase como se fosse engraçado. E deve ser, especialmente me vendo lutar tanto contra essa desgraça que caiu sobre mim. “Que mundo pequeno, né?”
“Fique quieta, Kate,” murmuro, fechando os olhos com força e apoiando a testa nas palmas das mãos. “Acho que me afogar no refrigerante e morrer não parece tão ruim agora.”
“Não se preocupe, querida... Há tanta gente aqui, está escuro, ele não vai te ver...” Retiro lentamente minha mão, olhando para a expressão dela, que gradualmente se torna travessa quando Kate acrescenta, “A menos que você faça alguma brincadeira pública para todas essas pessoas.”
“Eu te odeio.” Forço um sorriso no rosto, “Sabe, eu realmente te odeio.”
“Você mentirosa.” Ela sorri para mim, arrumando meu cabelo de volta na frente dos meus ombros. “Vamos, vocês só se viram uma vez... Não é como se ele fosse te reconhecer, certo?”
Sim, ela está certa... Nosso primeiro contato foi hoje, e não foi tempo suficiente para ser marcado em sua mente.
Isso traz um certo alívio ao meu peito, mas não dura muito tempo porque logo outro rosto familiar se aproxima... Sr. Loyd, meu Dom para a noite.
E se eu quisesse desistir, não há mais como, pois ele para ao lado de Kate, estendendo a mão para mim. Eu a pego, e ele me dá sua saudação cortês habitual, com os lábios tocando o dorso da minha mão sobre a manga de renda.
"O palco tá livre pra gente, vamos?” Ele afasta os lábios, segurando minha mão gentilmente, e de repente percebo que as mãos do Sr. Pollock são muito, muito grandes, porque essas mãos minhas não parecem tão pequenas agora.
Prendo a respiração, pensando em como firme é o seu aperto, o que traz um arrepio estranho ao meu estômago. E lanço um olhar rápido para Kate, que tem um sorriso divertido no rosto. Ela me encoraja com um aceno, e sei que ela está ansiosa por este momento, mas de uma maneira diferente de mim...
Respirando fundo, bebo o restante do refrigerante, sentindo minha garganta arder novamente com o gás, usando essa sensação como minha dose de coragem. Então desço do banco e permito que o Sr. Loyd me guie até o palco redondo no meio do clube, que já está preparado com tudo que precisaremos esta noite.
O Sr. Loyd me guia como se eu fosse uma dama, discretamente levantando minha mão enquanto subo os pequenos degraus que nos levam ao centro da atenção das pessoas, que já estão fixando os olhos em nós. A música que toma conta da sala é envolvente, fazendo a atmosfera luxuriosa me dominar. O clube está escuro, mas tudo será exposto aos olhos do público sob essa luz vermelha.
“Tá nervosa?” O Sr. Loyd diz suavemente, mas consigo ouvir sua voz firme por causa da proximidade, apesar da música. Ele está em pé diante de mim, soltando minha mão apenas para deslizar os dedos pelo meu braço ao longo da renda que protege minha pele.
“Estou,” respiro fundo, meus olhos travados em seu rosto, vendo seus olhos castanhos profundos de perto e o sorriso provocador em seus lábios diante da minha resposta.
“Parece que você quer ir direto para a palmada, não é?” Seu toque é subitamente firme em meu braço, me surpreendendo. “Mesmo depois de todo esse tempo, você ainda não aprendeu a falar como uma boa garota.”
Dou um sorriso provocante e umedeço os lábios, percebendo que esse simples movimento o perturbou.
“Você realmente é uma pestinha, não é?” Ele me puxa para perto, sentando em um amplo sofá vermelho. Não sei se ele estava planejando algum tipo de jogo de interpretação, mas minha boca atrevida parece ter atrapalhado seus planos. “Vou te dar mais uma chance de se comportar... Deite em meu colo.”
Selo os lábios, ainda com o sorriso malicioso e provocador, e esfrego minhas coxas juntas, sentindo meu corpo se aquecer... Oh sim, aqui está o meu problema...
Sou uma submissa que não gosta de simplesmente obedecer.
A melhor parte de questionar um Dom é ver como eles lutam para lidar com meu temperamento... E, é claro, a punição que me espera sempre que esqueço de baixar a cabeça e dizer sim, senhor.
“Não?” O Sr. Loyd solta uma risada baixa e pesada... e então, de repente, me puxa para cima, quase me fazendo perder o equilíbrio.
Desajeitadamente, me deito em seu colo - porque uma boa pestinha sempre sabe quando ceder.
Descanso minha barriga em suas pernas fechadas e mordo os lábios quando sinto sua rigidez por baixo de mim.
Mas o Sr. Loyd não me dá tempo para pensar nisso, pois logo sua mão está subindo pelas minhas pernas, levantando minha saia... “O que você está usando esta noite? Estou morrendo de curiosidade para saber o que você colocou pensando que o clube inteiro verá.”
Quando finalmente ele levanta toda a minha saia, revelando a lingerie de renda vermelha, tão pequena e frágil que está enfiada no meio da minha bunda, o Sr. Loyd grunhe fundo na garganta, sua rigidez pulsando em minha barriga.
Mordo os lábios enquanto ele acaricia minha bunda, e já posso esperar a forte palmada que está por vir...
No entanto, quando levanto o rosto e cometo o erro de olhar para a multidão, encontro os intensos olhos azuis que me encaram de volta, fazendo meu coração dar um salto.
O Sr. Pollock está lá, sentado exatamente na minha direção... E o sorriso malicioso em seus lábios me dá mais arrepios do que a primeira palmada que atingiu minha pele.