




2. Reunião
"Olha, não posso ligar para o Sr. Alekos, a não ser que seja uma emergência. Ele não gosta de ser incomodado enquanto está trabalhando. Além disso, eu posso me meter em encrenca."
Cherry até pode ser franca comigo, mas se eu não falar com o Alekos... Um nó se forma na minha garganta, e eu engulo em seco. "Isso é uma emergência. O Sr. Alekos é o único que pode me ajudar!" Minha voz falha, e minha visão fica turva. Eu não costumo chorar na frente dos outros, mas talvez eu faça isso agora.
Cherry me olha, e algo passa em seu olhar—compaixão. "O que ele fez? Te deixou grávida? Se for o caso, é melhor falar com o advogado dele." Ela me entrega um cartão de visita, onde, em letras grandes e douradas está o nome de um escritório de advocacia.
Olhando para o cartão em minhas mãos, eu penso no que acontecerá se eu disser que estou grávida. Não que fosse possível, já que Carlos nunca me tocou, e a última vez que vi Alekos foi no último dia do ensino médio—não nos falamos naquele dia, porque estávamos brigados. Embora eu tenha amigos, não me atrevo a pedir ajuda a eles. Mas Alekos, se ele ainda for o mesmo da época do ensino médio, será minha saída da cidade, ou assim espero.
Com as lágrimas ainda nos olhos, minto. "Sim. Estou esperando um bebê dele, e não vou embora até falar com ele."
Cherry solta um suspiro dramático antes de pegar o telefone. "Sr. Alekos, uma mulher está procurando por você. Ela diz que está grávida."
"Quem?" Alekos grita tão alto que até eu consigo ouvir.
Cherry se encolhe. "Ela me disse que se chama Angelica Hernandez."
"Eu não conheço nenhuma mulher chamada Angelica." Seu tom frio e plano me dá a impressão de que ele não está mentindo. O desgraçado me esqueceu. Mas eu juro que não vou embora sem falar com ele.
"Seja quem for, se livre dela. Chame a segurança se for preciso," Alekos rosna.
"Sim, Sr. Raptou."
Cherry está prestes a colocar o telefone no gancho quando eu o arranco de suas mãos. Antes que ela possa me impedir ou Alekos consiga encerrar a ligação, eu digo, "Você pode não se lembrar de mim, mas tenho certeza de que sabe quem é meu pai—Luis Hernandez."
Alekos fica em silêncio por um momento, mas então diz algo que me faz querer gritar. "Ah, é você. Passe a recepcionista para o telefone."
Cherry pega o telefone de mim e, depois de me lançar um olhar fulminante, ela diz, "Sr. Raptou?"
"Mande-a para o meu escritório," ele rosna.
Esse homem sempre teve uma atitude.
Cherry me dá um cartão de visitante. "Com isso, você pode ir para o último andar, onde ficam os escritórios do CEO e dos diretores. Florence é a secretária do Sr. Raptou. Ela vai te encaminhar para o escritório dele."
"Obrigada pela ajuda!" Eu digo, enquanto pego o cartão dela e sigo em direção a um elevador.
Eu o abro com a ajuda do cartão e aperto o botão para o último andar. Meu coração começa a bater forte no meu peito. Alekos e eu—nossa amizade sempre foi estranha.
Alekos parecia zangado. E se ele se recusar a me ajudar? O que farei então? Não tenho mais ninguém a quem recorrer. Farei qualquer coisa para fazer Alekos me ajudar. E acontece que tenho algo que Alekos quer.
O elevador para, e eu saio. Leva alguns segundos para localizar a mesa de Florence.
"Vim ver o Sr. Alekos." Mostro a ela o cartão de visitante. "Ele está me esperando."
Depois de confirmar com Alekos, ela me indica onde fica o escritório dele.
Antes de entrar, bato uma vez na porta.
Alekos Raptou está sentado atrás de uma suntuosa mesa de mogno, seus olhos cinza frios me observando, me estudando. Eu fecho a porta e espero ele dizer algo. Da última vez que conversamos, tivemos uma grande briga. Eu mudo meu peso de uma perna para outra, insegura se devo ser eu a quebrar o gelo e dizer algo primeiro. Ele continua me encarando com uma expressão no rosto que não consigo entender completamente.
Uma vez, ele costumava ser meu melhor amigo. Mas eu deveria ter sabido que não duraria, não quando ele era um Lorde. Duques e Lordes não são amigos, são inimigos. E aqui estou eu, na toca de um dos inimigos de meu pai. Alekos me salvará ou me condenará a uma vida de sofrimento?
Durante seus anos de faculdade—os anos selvagens—suas fotos foram publicadas em muitos tabloides ao lado de um artigo escandaloso sobre sua vida sexual. E talvez eu o tenha stalkeado na internet. Até que me obriguei a parar. A última vez que vi uma foto dele foi há um ano. Ele sempre foi bonito, mas o homem à minha frente é... de dar água na boca. E isso vindo de uma mulher que nunca foi afetada por homens.
Minutos se passam sem nenhum de nós dizer uma palavra, e eu começo a pensar que cometi um grande erro vindo aqui quando ele finalmente fala.
"Angel Hernandez," ele cospe meu nome.
Será que ele ainda me odeia? Quero dizer, eu sei que nossa briga foi grande, e ambos dissemos coisas dolorosas, mas eu esperava que ele tivesse superado. Não que ele não merecesse as coisas das quais o acusei. Ele foi um idiota total naquele dia.
Com um tom calmo, eu digo, "Alekos, é bom te ver novamente."
Ele se levanta. e meu coração quase sai pela boca. "Não posso dizer o mesmo."
Quando foi que ele ficou tão alto? E tão bonito?
Ele caminha devagar, como se estivesse me dando tempo para sair do escritório antes de chegar até mim. E eu quero fazer exatamente isso, porque vê-lo depois de tanto tempo só me lembra o quanto ele partiu meu coração. Não que eu tenha deixado ele perceber o quanto me machucou.
Se eu fosse mais esperta, teria saído do seu escritório.
Mas eu preciso dele.
Finalmente ele chega até mim, e me prende entre seu corpo firme e a porta, colocando as mãos de cada lado da minha cabeça. Calor irradia dele.
Quando vejo a raiva em seus olhos, engulo em seco. Ele não é o mesmo Alekos que eu costumava conhecer. Esse Alekos é... frio. Implacável. Em que me meti?