CAPÍTULO TRÊS

No dia seguinte, acordo com milhões de pensamentos nadando na minha cabeça. Um deles se destaca mais — o que meu companheiro disse na noite passada. Por que ele diria aquilo? O que ele quis dizer?

Desço as escadas depois de me arrumar. Fiquei triste por ter dormido sozinha. Achei que íamos dormir no mesmo quarto. Sei que os companheiros completam o processo de acasalamento horas depois de se encontrarem. Desço as escadas e encontro uma linda morena parada no corredor.

“Bom dia, Luna,” ela diz com um sorriso suave.

“Olá, e eu ainda não sou sua Luna,” digo, retribuindo o sorriso.

“Mas você é a companheira do nosso Rei Alfa.”

“Sim, sou, mas ainda não fui marcada por ele,” digo, mostrando meu pescoço.

“Mesmo assim, ainda devo chamá-la de Luna.”

“Não exatamente. Poderíamos discutir o dia todo se você deveria me chamar de Luna ou não. Pode me dizer quem você é e por que está aqui?” digo, indo direto ao ponto.

“Meu nome é Charlotte. Sou a companheira do beta. Estou aqui para levá-la ao café da manhã.”

“Ah. Por que não posso tomar café da manhã aqui? Lembro de ter visto uma cozinha quando Dan me mostrou o lugar. Eu poderia facilmente cozinhar algo para mim.”

“Tomamos café da manhã na casa da alcateia para fazer a contagem de cabeças.”

“O café da manhã é obrigatório por aqui?” pergunto.

“Não, mas é necessário comparecer. E por que alguém não gostaria de tomar café da manhã? É a primeira refeição do dia!” ela diz, animada.

“Às vezes você pode não estar com fome.”

“Isso é verdade. Devemos ir para não nos atrasarmos.”

“Tudo bem, vamos,” digo, seguindo Charlotte enquanto ela nos conduz para fora.

Chegamos a outro grande edifício de dois andares. Deve ser a casa da alcateia. Entramos e paramos em uma enorme área de jantar. A mesa parece capaz de acomodar até vinte pessoas.

“Todos comem juntos?” pergunto a Charlotte.

“Nem sempre.”

“Explique, por favor.”

“O Rei Alfa come com seus oficiais, enquanto membros de classificação inferior comem juntos.”

“Ah, e onde vamos sentar?” Olho ao redor e vejo que todos os assentos estão ocupados.

“Você vai sentar ali enquanto eu sento ao lado do meu companheiro,” ela diz, apontando para o lado direito do Rei Alfa — meu companheiro. Ele está sentado na cabeceira da mesa, e eu pude sentir seu cheiro no momento em que entrei na casa da alcateia.

“Ah,” digo e começo a caminhar em direção ao lugar que ela apontou. Chego perto do meu companheiro e consigo ouvir rosnados de prazer por estar tão perto dele. Esta é a primeira vez que Eva faz algo desde que chegamos.

‘Como você está se sentindo?’ pergunto a Eva. Ela estava gravemente ferida durante a luta. Eu estava em forma de lobo o tempo todo.

‘Estou bem, graças aos seus médicos humanos.’

‘Isso é bom.’

Por que nosso companheiro se recusa a nos marcar?’

‘Por que você está me perguntando como se eu soubesse a resposta?’ pergunto.

‘Tenho certeza de que ele está bravo conosco porque você namorou aquele garoto humano estúpido.’

‘Ele não é estúpido, mas—oh, o que estou dizendo? Sim, você está certa, Matt é estúpido. Mas não acho que o Rei Alfa saiba que namoramos alguém.’

‘Não diga “nós”, humana. Eu te disse que odiava aquele garoto perto de nós.’

‘Não se preocupe, você não vai vê-lo por muito tempo,’ eu a tranquilizo.

‘Você não imagina o quanto estou feliz em ouvir você dizer isso.’

Volto à realidade depois de conversar com minha loba quando ouço meu companheiro falando comigo.

“Você vai ficar aí o dia todo ou vai se sentar?” Meu companheiro diz em um tom áspero. Ainda não sei seu nome. Ele não se preocupou em se apresentar para mim. Por que ele fala comigo tão rudemente o tempo todo?

“Sente-se,” ele diz, e eu me sento.

“Você estar sentada aqui não significa que o que eu disse ontem mudou. Seria sábio lembrar disso.”

“Eu nunca assumi isso.”

“Bom, porque eu nunca vou fazer de você minha Rainha. Eu não preciso de uma Luna.”

“Por quê?” Estou chocada. Sei que talvez eu não seja a melhor em lutar, mas sinto que sou uma loba forte e digna de ser Luna.

“Porque eu não preciso de uma mulher complicando as coisas para mim.”

“Como eu complicaria as coisas?”

“A única coisa que vocês mulheres contribuem é enfraquecer os homens.”

“Como?”

“Eu não preciso explicar tudo para você. Minha decisão é final. Eu nunca vou fazer de você a Rainha Luna.”

“Se você não planeja me fazer Rainha Luna, por que estou aqui?”

“Para garantir que você não se torne um problema.”

“Com licença?”

“Você me ouviu,” ele diz, seus olhos escuros fixos em mim.

Estou perplexa. Que tipo de companheiro diz isso? As mulheres não são fracas. O que o fez ser tão superficial?

O café da manhã foi desconfortável. Não consegui comer nada porque fiquei irritada o tempo todo. Estou no jardim ajudando Charlotte com suas flores. Ela viu como eu estava abatida depois do café da manhã e me perguntou se eu queria ajudá-la.

Estamos cuidando das rosas dela quando noto que os homens estão treinando lá fora, e meu companheiro está liderando-os. Eu o admiro enquanto ele treina. Ele está sem camisa e suando. Parece que seu corpo está brilhando ao sol. Seus músculos abdominais refletem o sol no meu rosto. Não consigo imaginar como seus músculos se sentiriam sob meus dedos. Cada vez que ele flexiona, sinto-me caindo por ele, mesmo sabendo que é o vínculo de companheiros influenciando minhas reações.

Depois de terminarmos com as flores, voltamos para a casa do Alfa para encontrar algo para comer. Não encontramos nada preparado na geladeira, então decido cozinhar. Enquanto preparo a comida, estava tão envolvida na conversa com Charlotte que acabei me cortando por engano.

“Ah, desculpa,” diz Charlotte.

“Tudo bem. É só um corte pequeno e vai cicatrizar antes que você perceba,” digo e coloco meu dedo cortado debaixo da água corrente para lavar o sangue.

“Eu sei, mas ainda vai doer antes de cicatrizar.”

“Não se preocupe, eu—” Sou interrompida pelo meu companheiro entrando furioso, exigindo saber o que aconteceu.

“Onde você se machucou?” ele exige, examinando meu corpo de cima a baixo.

“Eu não estou machucada.”

“Senti sua dor através do vínculo,” ele rosna.

“Foi um pequeno corte de faca,” argumento.

“Se você não sabe usar uma faca, então não use uma,” ele grita. Uau. Pensei que tinha ouvido o pior de manhã. Agora ele está bravo porque usei uma faca. Estou começando a pensar que ele me odeia.

“Vou ser mais cuidadosa da próxima vez. Não sabia que o vínculo era tão forte, já que não completamos o processo de acasalamento.”

Ele dá um passo perigoso em minha direção, sua presença gigante se impondo. “Só porque eu não te penetrei até você não conseguir andar no dia seguinte, ou te fiz gritar meu nome e deixei minha marca em você, não significa que eu não posso sentir você,” ele diz. Agora ele me encurralou contra a parede. Tudo que posso fazer é olhar para aqueles belos olhos azuis cheios de escuridão. Posso sentir minhas partes íntimas reagirem a cada palavra que ele diz. Ele pode me deixar furiosa em um momento e extremamente excitada no próximo. Este homem vai ser minha ruína.

“Vou ser extra cuidadosa da próxima vez,” digo. Estou ofegante. Posso sentir meu próprio hálito voltando para mim por causa da proximidade.

“Bom,” ele diz e se afasta.