Capítulo Quatro
“Ei, por que você saiu tão rápido?” Nik pergunta enquanto ele e Addam me alcançam.
Dou de ombros, mantendo meu ritmo constante. “Não estou me sentindo bem. Estava esperando que o Sr. Sullivan tivesse Advil.”
Seu rosto suaviza. “Fal, você está bem? Posso fazer alguma coisa?”
Balanço a cabeça, mas a leve dor de cabeça com a qual acordei já começou a se transformar em uma enxaqueca.
Entramos na sala de aula.
“Sr. Sullivan?” Minha voz sai mais baixa do que eu pretendia.
Ele levanta os olhos do laptop. “Senhorita Black?”
“O senhor por acaso tem Advil?”
“Claro. Você precisa ir à enfermaria?”
“Não. Não quero perder a aula. Acho que só preciso de remédio.”
Ele acena com a cabeça e me entrega quatro cápsulas líquidas.
Vou para o meu assento no fundo e as engulo com água do meu copo.
Addam para ao lado da minha mesa. “Você sumiu de repente.”
“Desculpa,” eu digo. “Só não estou me sentindo bem.”
“Mesma pergunta do Nik. Enfermaria?”
“Não. Vou sobreviver. Provavelmente só preciso comer.”
Como se o universo tivesse me ouvido, o Sr. Sullivan se levanta quando os últimos alunos entram.
“Certo, turma,” ele anuncia. “Eu ia levar vocês ao laboratório de informática da biblioteca para um projeto em grupo. Vamos começar isso amanhã. Hoje, vamos comemorar o aniversário de uma colega com uma festa de pizza.”
A sala explode em comemoração.
O barulho perfura direto no meu crânio. Eu abaixo a cabeça nos braços e puxo o capuz.
“Você tem certeza de que está bem?” Nik pergunta suavemente.
“Não dormi bem,” murmuro. “E só comi uma banana no café da manhã.”
“Senhorita Black?”
Levanto a cabeça.
“Feliz Aniversário.”
A turma se junta, um coro bagunçado de desejos de feliz aniversário. Consigo esboçar um sorriso e acenar com a cabeça.
“A pizza está na secretaria,” diz o Sr. Sullivan. “Preciso de alguns voluntários.”
Um punhado de alunos se levanta e sai com ele.
Fecho os olhos por um segundo.
É o suficiente.
Um grito corta minha cabeça.
Eu me endireito de repente, coração disparado, mas a sala está silenciosa. O Sr. Sullivan ainda nem voltou.
“Ei,” Nik diz, colocando um braço ao redor dos meus ombros. “Você está segura.”
“Obrigada,” sussurro, envergonhada pelo meu próprio pulso.
O cheiro de pizza eventualmente preenche a sala como um alívio.
O Sr. Sullivan arruma uma mesa na frente com caixas, bebidas e cupcakes.
“Senhorita Black, as regras de aniversário se aplicam,” ele diz. “Você começa.”
Pego um prato, algumas fatias, um refrigerante e um cupcake. Quando me sento, meu celular acende com uma nova mensagem.
T - Feliz Aniversário, querida. Eu sei que você odeia quando as pessoas sabem que é seu aniversário, mas não resisti em contar para aquele gato do professor de história. Me perdoa?
F - Você está perdoada. Estamos tendo uma festa de pizza com filme, então todo mundo ganha.
T - Que legal. Que filme?
Olho para a tela enquanto os créditos iniciais começam a rolar.
Meu favorito.
F - Parece que ele escolheu meu favorito.
T - The Covenant?
F - :)
T - Ok, ou ele é um de nós...
F - Ou ele só tem um ótimo gosto.
O resto da aula se mistura em pizza, açúcar e o leve alívio da normalidade.
O sinal finalmente nos libera para o corredor.
A normalidade dura cerca de cinco segundos.
Um empurrão forte me joga contra a parede.
“Que trambolho,” Anderson diz, rindo como se tivesse acabado de inventar a crueldade. “Você deveria usar uma placa de aviso.”
Eu me endireito lentamente.
“A única pessoa que precisa de uma placa de trambolho é você,” eu digo.
O sorriso dele se contorce.
Addam e Nik se agacham para pegar meus livros espalhados. Não deixo de notar o jeito que os olhos de Anderson se voltam para eles.
"Oh, então agora você tem reforços," ele zomba. "Você acha que é corajosa?"
"Eu lido com você há anos," digo calmamente. "Você ainda não entendeu que eu não me importo com o que você pensa de mim."
Seu olhar me segue até a aula de Oratória.
"Boa tarde, turma," diz a Sra. Morgan assim que a sala se acalma.
"Boa tarde," todos respondem.
"Senhorita Black, poderia distribuir esses pacotes?"
Ser a assistente dela geralmente é uma vantagem discreta.
Hoje, é um risco.
"Sem problema," digo, pegando a pilha.
Passo pela mesa de Anderson e vejo seu pé deslizando para fora.
Eu pulo por cima sem quebrar o passo.
Ele faz uma careta.
Distribuo os pacotes fileira por fileira, depois volto para meu assento.
Dessa vez, seu pé me pega.
Caio com força, as palmas das mãos ardendo contra o chão.
"Falencia, você está bem?" pergunta a Sra. Morgan.
"Estou bem," digo rapidamente. "Eu não estava olhando por onde ia."
Ela me observa como se não acreditasse.
Ela está certa.
Anderson se inclina apenas o suficiente para eu ouvi-lo.
"Você não me dedurou?"
Levanto meu olhar, entediada e perigosa. "Qual é a graça nisso quando eu posso ser criativa?"
Seus olhos se arregalam.
"Isso é uma ameaça?"
Eu sorrio docemente.
"Você não me assusta, idiota."
"Eu não preciso que você tenha medo," digo suavemente. "Eu preciso que você entenda que eu não tenho medo de você."
Deslizo na minha cadeira e forço minha atenção para frente. Anderson é todo bravata. Ele só fica corajoso quando acha que ninguém está olhando.
A Sra. Morgan bate palmas.
"Trabalho em dupla. Vocês não podem escolher. Vão entrevistar um ao outro usando todas as perguntas do pacote, depois farão um discurso sobre seu parceiro."
A turma resmunga.
"Nik, você está com a Allison."
Ele olha para a pequena morena de óculos e sussurra, "Ela me colocou com a nerd?"
Eu dou um soco no braço dele.
Ele grita alto o suficiente para ganhar alguns olhares.
Então a Sra. Morgan solta a guilhotina.
"Falencia, você está com Anderson."
Meu estômago fica frio.
"Posso ficar com outra pessoa?" Anderson reclama. "Não quero pegar a perdedora."
Eu nem olho para ele.
O chilique continua, metade da turma suspira e finge que não está se divertindo.
Estou no meio de outro dever de casa quando sua sombra cai sobre minha mesa.
"Me encontre depois da escola," ele diz. "Vamos fazer essas perguntas idiotas."
"Você tem aula na próxima hora?"
"Não. E você?"
"Estou livre." Mantenho minha voz neutra. "Podemos nos encontrar na biblioteca."
Ele se afasta, resmungando como um vilão cujo orçamento foi cortado.
Um estalo alto ecoa pela sala.
Anderson cai para trás enquanto sua cadeira quebra.
Por um glorioso segundo, o universo é gentil.
Seu jeans rasga da perna até a metade da coxa enquanto ele luta com uma perna da cadeira quebrada que parece pessoalmente ofendida pela sua existência.
A turma explode em risadas.
Eu deveria estar rindo também.
Em vez disso, algo dentro de mim vibra.
Quente.
Brilhante.
Muito perto da superfície.
"Falencia?"
A voz soa distante.
A sala fica borrada nas bordas.
Um abraço quente me puxa de volta, e a lavanda envolve meus sentidos como uma âncora, enquanto os braços de Freyja me envolvem.
"Falencia," alguém sussurra. "Você precisa se acalmar."
A sala volta ao foco.
Anderson ainda está lutando com a cadeira.
Mas sou eu que todos estão começando a observar. Não entendo por quê, não me movi um centímetro, mas parecia que a sala tinha se movido.
