CAPÍTULO 7

SABRINA

O tempo passa muito rápido, minhas meninas já estão fazendo um ano e, bem, aconteceram tantas coisas.

Primeiro, minha amiga Lucía decidiu morar definitivamente comigo. Ela me ajuda muito com minhas meninas, inclusive, aquelas duas a obedecem mais do que a mim, são muito mimadas e são definitivamente a cara do pai.

Embora meu filho e minha amiga não tenham voltado a perguntar sobre o pai das minhas filhas, agradeço por isso, mas acho que desconfiam de quem é, apenas não ousam perguntar.

Não voltei a falar com Fabio, apenas ouço sua voz quando fala com minhas filhas por videochamada. Lucía faz a ponte entre eles diariamente.

Ele passa horas conversando com a mãe e aproveita para ver as meninas e falar com elas. Elas, felizes, escutam ele, e embora eu suspeite que eles saibam a verdade ou pelo menos tenham uma suspeita, não me comentaram nada, o que aumenta meus nervos.

Não sei o que acontecerá no próximo ano quando ele e meu filho voltarem.

Hoje saí um momento e deixei as meninas com Lucía. Fazia muito tempo que eu não vinha cuidar pessoalmente da cafeteria e como é aqui que se comemora o aniversário das minhas filhas, voltei para ajudar com a decoração e a supervisão dos doces e do bolo de aniversário delas.

Convidamos várias crianças que brincam com elas no parque e suas mães prometeram trazê-las para comemorar o aniversário de Sofia e Fabiola.

Lucía vai trazer minhas filhas. Deixei prontos seus vestidos de princesas e seus laços para que ela vista nelas sem problemas antes de sair.

Ao chegar na cafeteria, todos nos mobilizamos para organizar as decorações. Será uma linda festa de princesas, inclusive há um inflável em forma de castelo e uma piscina de bolinhas para que todas as crianças se divirtam. Haverá um espetáculo de magia e balões.

Passei muito tempo com a decoração e mal tive tempo de supervisionar os bolos, pois pedi que fizessem dois, um para cada uma. Além disso, os outros doces estavam deliciosos, já provei todos.

Quando vi que estava tudo pronto e os convidados começaram a chegar, mandei uma mensagem para Lucía trazer as meninas.

Esperei alguns minutos e ela apareceu com as meninas andando na frente dela. Abri a porta e as recebi feliz, todos desejaram feliz aniversário e deram muitos presentes.

—Estão lindas, minhas bebês — expressei, enchendo-as de beijos.

—Sim, minhas afilhadas estão cada dia mais lindas — comentou Lucía, que foi madrinha no batizado das minhas filhas, junto com Leonardo, um bom amigo nosso.

A festa seguiu normalmente, as meninas riam felizes com os amigos e com toda a decoração. Até tentaram dançar, estavam tão engraçadas que Lucía e eu não conseguíamos parar de rir.

No final da festa, as meninas estavam exaustas e, depois de cortar o bolo, adormeceram. Demos a festa por encerrada.

Os funcionários nos ajudaram a colocar os presentes no carro e depois fomos para casa. Eu carreguei Fabiola nos braços e Lucía carregou Sofia. As levamos para o quarto e colocamos suas pijamas para que dormissem bem.

—Vou até o carro guardar os presentes — comuniquei a Lucía.

—Eu cuido delas, gosto de vê-las dormir, a cada dia estão mais lindas —comenta Lucía, e eu saí do quarto.

Fui até o carro e peguei todos os presentes, deixei-os na sala e subi para pedir a Lucía que me ajudasse a carregá-los, pois não pretendia descer e subir as escadas muitas vezes.

Quando cheguei à porta do quarto das minhas filhas, pude ouvir Lucía falando com elas, e o que ela disse me deixou chocada.

—Minhas lindas netas, quando seu pai voltar, vai ficar feliz ao perceber como vocês estão cada dia mais lindas —disse Lucía.

—O que você disse? —perguntei da porta, e ela saiu e me arrastou até a parte de baixo da casa.

—Elas são minhas netas, eu teria que ser muito cega para não perceber, não acha? —respondeu Lucía.

—E o Fabio sabe? —perguntei nervosa.

—Não, na verdade, quando coloco Fabio para falar com elas, uso filtros no telefone para que ele não veja os olhos delas, que são tão idênticos aos dele. Não escondo isso porque não quero que ele saiba, mas porque sei que, assim que descobrir, vai correr para cá e abandonar os estudos —explicou Lucía.

—E você está chateada comigo? —indaguei ainda mais nervosa.

—Não poderia estar. Naquela noite, seu filho e eu te convidamos para beber e perdemos o controle. Deveríamos ter cuidado de você, mas te deixamos sozinha, e naquela noite, meu filho estava tanto bêbado quanto drogado pelos amigos, então não são responsáveis pelo que aconteceu. Vocês foram vítimas das circunstâncias e, bem, o resultado foram minhas lindas netas —disse Lucía.

—Então você não vai contar nada ao Fabio? —perguntei nervosa.

—Não, até que ele volte como um profissional formado, isso é, daqui a um ano. É o tempo que você tem para se preparar e contar a verdade aos nossos filhos, e também para que as meninas saibam que não sou apenas a madrinha, mas sua avó —esclareceu Lucía.

—Que elas te chamem de avó, você já pode começar a ensinar. E quanto a contar a verdade aos nossos filhos, eu já pensei sobre isso e estou decidida. Quando ele voltar, vou contar tudo e assumir as consequências por ter ficado calada —respondi segura.

—Bom, então vamos subir esses presentes para o quarto das minhas afilhadas. Ainda sou muito jovem para que me chamem de avó —disse Lucía com um sorriso.

—Achei que era isso o que você queria —comentei enquanto ajudava a carregar os presentes.

—Não, quero que saibam que sou avó, mas não que me chamem de avó —esclareceu Lucía.

—Você é uma avó muito jovem e linda —comentei.

—Embora isso seja verdade, não muda o fato de que fiquei um pouco chateada por você não ter me contado desde o início que os bebês que você esperava eram do meu filho —disse Lucía.

—Eu tinha medo que você se irritasse comigo por ter estado com seu filho —confessei.

—Eu teria ficado zangada se você tivesse feito isso conscientemente, mas não foi o caso, então não tive motivos para me zangar. Embora seja desconfortável saber que meu filho dormiu com minha melhor amiga —explicou Lucía, e eu fiquei pensativa.

Naquela noite eu não sabia que estava com Fabio, mas já tive alguns sonhos eróticos com ele, e quando ele estava perto de mim no dia em que minhas filhas nasceram. Não pude evitar me sentir tentada por aquele magnífico homem, mas isso é algo que não vai acontecer de novo, porque nunca mais voltarei a dormir com o melhor amigo do meu filho.