CAPÍTULO 3
SABRINA
Desde que minha filha e seus amigos foram embora, a Lucia e eu simplesmente saímos para jantar ou tomar alguns drinques. Não tive coragem de contar à minha amiga o que aconteceu com sua filha e acho que é algo que nunca vou dizer. Já faz um mês desde aquela noite, e agora, cada vez que fecho os olhos, lembro perfeitamente do corpo impressionante de Fabio sobre o meu enquanto eu gemia de prazer. Cada noite, lembro dessa noite em que senti o maior prazer da minha vida, mas também me mata o arrependimento por ter estado com Fabio, que é apenas um jovem. Eu sou dezesseis anos mais velha que ele; não sei como pude me meter na cama com ele, mas o que feito está feito, e já não posso mudar. Agora só me resta esperar que o tempo passe e esquecer.
Hoje, como todas as noites há um mês, minha amiga Lucia passa na cafeteria para me pegar, e saímos para jantar e tomar alguns drinques. Como hoje é sexta-feira, faremos as duas coisas.
-
Olá, pronta para irmos? - pergunta Lucia da porta do meu escritório.
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Claro, vamos - respondo. Peguei minha bolsa e, depois de fechar e me despedir dos funcionários, fomos para um restaurante.
No restaurante, falamos sobre nossos filhos e, para ser sincera, eu não queria saber de Fabio. Assim, poderia esquecer tudo o que aconteceu sem problemas. Mas o destino está contra mim, pois minha amiga só fala do filho. Tentei ir ao banheiro para parar de ouvir sobre Fabio, mas comecei a me sentir tonta.
- Lucia, eu... - não consegui continuar falando porque tudo ficou escuro.
Quando acordei, estava em um quarto de hospital. Ao olhar ao redor, encontrei o olhar preocupado da minha amiga Lucia.
-
Amiga, fiquei muito assustada. Ainda bem que você acordou - comentou Lucia.
-
O que aconteceu comigo? - perguntei enquanto me sentava na cama.
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Você desmaiou. O médico tirou umas amostras do seu sangue, e estamos aguardando os resultados - respondeu Lucia.
-
Espero que não seja nada grave - comentei.
Lucia e eu conversamos por um tempo sobre como ela me tirou a porta do restaurante carregada. Sou magra e pequena, tenho um corpo bonito, mas não peso muito, então, para Lucia, uma mulher de 42 anos com um corpo musculoso e atlético, foi fácil me carregar até o carro. Logo depois, o médico entrou no quarto.
-
Senhora Sabrina, que bom vê-la acordada. Como se sente? - perguntou o médico.
-
Estou bem, doutor, e acho que não foi nada grave, apenas um problema com a minha pressão arterial - falei tranquila.
-
De fato, não é nada grave, mas você precisa se cuidar e comparecer aos controles mensais - explicou o doutor.
- Por que devo comparecer mensalmente? - perguntei sem entender o que o médico estava dizendo.
- A senhora está grávida, Sabrina. - A palavra "grávida" se repetia na minha cabeça uma e outra vez. Eu não podia acreditar no que estava ouvindo. Grávida, e do melhor amigo do meu filho. Isso não pode estar acontecendo comigo.
O médico deixou algumas recomendações e disse que eu podia ir quando quisesse, mas não sem antes marcar uma consulta com um obstetra. Quando ele saiu, minhas lágrimas começaram a cair. Minha amiga Lucía me abraçou, e eu chorei ainda mais forte em seus braços. Como vou dizer a ela que o bebê que espero é seu neto? Como vou ligar para o meu filho e dizer que, depois de vinte anos, vou ter outro filho e que, além disso, o pai é seu melhor amigo?
- Tranquila, amiga. Conta pra mim por que você está chorando tanto? Você está saindo com um homem casado e não me contou? - perguntou Lucía, surpresa ao me ver tão mal.
- Não é isso, é que eu estive com esse homem uma vez só, na festa de despedida dos nossos filhos, e não lembro de nada, nem do nome dele. - menti, sentindo uma dor forte no peito.
Como eu poderia dizer à minha amiga que vou fazê-la avó? Que me deitei com seu filho? Isso é algo que jamais lhe direi. Se consegui criar meu filho sozinha com quinze anos, agora, aos trinta e seis, poderei criar este bebê no meu ventre. O que não sei é como contar ao meu filho que vai ter um irmão mais novo. E também tenho medo de que Fabio se lembre de tudo e venha reivindicar seu filho. Não sei o que fazer.
- Tranquila, Sabrina, sei que você pode lidar com isso e muito mais. Se você quiser, eu te ajudo a encontrar esse homem para que ele assuma a responsabilidade. - ofereceu Lucía.
- Não é necessário, amiga. Se consegui cuidar do meu filho aos quinze anos, agora consigo cuidar desse bebê sozinha. - respondi, limpando minhas lágrimas.
- É assim que se fala! E eu vou te apoiar. Afinal, estou sozinha e meu filho está na universidade como o seu. Juntas, podemos cuidar desse bebê lindo que está a caminho. - disse Lucía.
- Obrigada, amiga, por me apoiar sempre. - respondi.
Somente espero que meu bebê não se pareça com o pai. Meus olhos são verdes e os de Fabio são cinzas com um toque de azul. Meu cabelo é loiro, e o de Fabio é preto. Eu sou pequena e Fabio é muito alto. Se meu bebê se parecer um pouco com ele, poderiam suspeitar. Mas isso é um problema para enfrentar quando meu bebê nascer. Agora, o desafio é como contar isso ao meu filho. Como vou dizer que estou grávida?
