CAPÍTULO 2
SABRINA
Acordei com as insistentes batidas na porta, sem muito ânimo dei permissão para que entrassem.
— Entra, Mauricio — falei sabendo que ele é o único que bateria na porta do meu quarto dessa maneira.
— Mãe linda, você já precisa se arrumar. O voo sai em três horas e temos que estar no aeroporto duas horas antes —Mauricio entrou no quarto, depois subiu na cama e começou a me dar beijos nas bochechas.
— Tá bom. Deixa eu me levantar e tomar um banho longo — respondi para que ele me deixasse em paz.
Além disso, quero evitar falar um pouco com ele, porque ainda me sinto envergonhada por ter me deitado com o melhor amigo dele.
— Bom, mãezinha linda, te espero lá embaixo com algo para comer. Ontem à noite você não dormiu em casa e hoje não saiu deste quarto, então suponho que teve uma boa noite — insinuou meu filho, e a vergonha me invadiu.
— Filho, eu... — tentei me justificar, mas meu filho não me deixou terminar de falar.
— Fica tranquila, mãe. O segurança do bar me disse que você saiu muito bem acompanhada por um homem, e de verdade você não precisa me dar explicações.
Você é minha mãe, mas antes de tudo também é uma mulher jovem. Você dedicou toda sua adolescência e juventude a mim e a abrir a cafeteria, já é hora de você aproveitar sua vida.
Sempre vou te apoiar, mãe. Assim como você sempre me apoia — expressou meu filho, e eu me emocionei.
— Obrigada, meu amor, mas não tem ninguém na minha vida. O que aconteceu ontem à noite foi só uma coisa de bebida que não vai se repetir — respondi e dei um beijo na bochecha do meu menino grande.
— Você deveria se dar a oportunidade de conhecer o amor novamente. Aproveita que vou estar longe por um tempo, saia para conhecer pessoas, se divirta e seja feliz, mãe. Não quero que você fique esperando eu voltar — falou meu filho antes de sair do quarto.
Eu suspirei e entrei no banheiro, onde fiquei um bom tempo. Mas, por mais que eu não quisesse, as lembranças da noite anterior com Fabio vieram à minha mente e minha consciência me fez sentir muito mal.
Embora tenha sido a melhor noite da minha vida, eu ainda sentia vergonha de como vou ver minha amiga e o filho dela no aeroporto, sem pensar no corpo perfeito de Fabio sobre o meu e em seus beijos maravilhosos. Sacudi a cabeça para afastar esses pensamentos e saí do chuveiro.
No quarto, vesti-me de maneira impecável como sempre, sequei o cabelo, penteei, usei um pouco de maquiagem, coloquei sapatos de salto não muito altos, peguei minha bolsa e desci para a sala de jantar, onde meu filho me esperava.
Comemos algo delicioso preparado por ele e a nostalgia me invadiu. Meu menino já é um homem que vai embora por muito tempo e talvez até se apaixone e, em alguns anos, me faça avó. Meu Deus, como o tempo passou rápido.
—Você está bem, mamãe? —perguntou Mauricio.
—Sim, meu filho, é só que vou sentir sua falta —respondi.
—E eu a sua, mas vou te ligar todas as noites, prometo. —Mauricio me abraçou e terminamos de comer.
Subimos no meu carro e eu dirigi até o aeroporto, onde minha amiga Lucía, seu filho, junto com o outro amigo dos meninos e sua família, nos esperavam. Eu estava tão nervosa. Só esperava que o Fabio não se lembrasse que tivemos relações na noite anterior.
Ao chegar ao aeroporto, eu estava supernervosa. Mauricio desceu com a sua mala e uma bolsa de mão. Caminhamos juntos para dentro do aeroporto, onde todos já estavam esperando.
—Amiga, nossos bebês estão partindo —disse Lucía, comovida.
—Sim, amiga, já são todos homens —respondi, e a abracei.
Na verdade, não tinha cara para olhar nos seus olhos. Morria de vergonha.
—Sabrina, cuide da minha mãe, que ela não se meta em problemas. Eu sei que você saberá apoiá-la —pediu Fabio.
—Não se preocupe, estarei sempre perto dela —respondi nervosa, mas me tranquilizei um pouco, pois aparentemente ele não se lembrava de nada. Isso era o melhor; devíamos fingir que aquilo nunca aconteceu.
Eles registraram suas bagagens e fizeram tudo para apenas esperar o chamado para o embarque. Quando o chamado foi feito, meu filho me abraçou com força.
—Fica tranquila, mamãe, vou te ligar todas as noites e lembra: já é hora de você viver sua vida feliz. Te amo —disse meu filho. Ele me deu um abraço forte e minhas lágrimas começaram a sair.
—Não chore, Sabrina. Você é muito bonita para isso. Eu cuidarei dele e você cuide da minha mãe —disse Fabio. Antes que eu pudesse dizer algo, ele me abraçou com força, deu um beijo na minha bochecha e se afastou junto com meu filho e seu amigo Carlos Luis.
—Que tal uma bebida? —perguntou Lucía.
—Sim, eu pago —respondi. Precisava mesmo beber para esquecer com quem acordei naquele hotel. O bom é que ele foi embora e não vou precisar me preocupar com ele, nem com o que aconteceu naquela noite.
—Mesmo? —perguntou surpresa, já que eu sempre recusava beber.
—Sim, eu preciso —respondi e comecei a caminhar.
Saímos juntas em direção a um bar, onde tomamos algumas bebidas. Sim, se minha amiga soubesse que eu não precisava dos drinks só por conta da partida do meu filho, mas porque passei a noite com o dela...
Com certeza ela me mataria, mas isso é algo que jamais contarei. O que aconteceu na festa de despedida dos nossos filhos nunca será conhecido por ninguém. Isso ficará apenas na minha memória. Nem morta confesso que passei a noite com o melhor amigo do meu filho.
