5/ AS CLÁUSULAS DO CONTRATO DE CASAMENTO
De repente e sem dizer uma palavra, Harris se levantou da cadeira onde estava sentado, pegou sua filhinha no colo, e nos olhou, ela e eu. A menina acenou para mim com sua mãozinha enquanto se despedia, saindo com o pai do escritório. Segundos depois, Harris voltou, muito sério, e reassumiu a cadeira onde estava anteriormente.
— Sofia, aqui estão os documentos, que não são mais do que o contrato matrimonial — disse ele.
— Bem, vamos assinar e eu vou embora, já não posso perder mais tempo. Como já lhe comentei, eu também tenho trabalho no meu escritório — respondi.
— Não tão rápido, Sofia. Deixe que meu advogado lhe diga as cláusulas do contrato e você decida livremente se aceita ou não. Mas, se decidir não aceitar, a imprensa marrom saberá sobre você em alguns dias — disse ele.
— Desculpe, senhor Harris, mas isso parece mais um chantagem do que um casamento por contrato — retruquei.
— Tome como quiser, mas essas são minhas condições — respondeu ele.
Nos olhamos fixamente nos olhos. Não sei se foi seu olhar intenso ou seu rosto suave, mas de repente senti um fogo dentro de mim que me fez sentir desconfortável, e desviei o olhar de Mark Harris.
— Senhorita Lopez, se aceitar se casar com meu cliente — começou o advogado —, receberá uma certa quantia de dinheiro, terá que acompanhar seu esposo em alguns eventos sociais, mas não se preocupe, pois o senhor Harris lhe oferece um cartão com fundos generosos para que compre o que precisar. Além disso, todas as suas necessidades serão atendidas pelo seu futuro marido, o senhor Harris — concluiu, enquanto eu me levantava muito ofendida.
— Senhor Harris, sou perfeitamente capaz de comprar tudo o que desejar. Não preciso do seu dinheiro e não vou mendigar. Tenho um bom emprego e um bom salário para comprar todos os luxos que quiser — respondi.
— Sente-se, Sofia, há uma coisa que você não sabe. Você já não tem mais emprego. Eu me certifiquei de que o escritório te demitisse. O que me diz agora? — disse ele, com um sorriso sarcástico no rosto.
— Como assim? O que fez o quê? Isso é impossível, o escritório não me demitiria sem me avisar antes — respondi, muito irritada.
— É melhor que volte a se sentar, senhorita Lopez, por favor — disse o advogado.
— Sofia, agora sou eu quem não pode mais perder tempo. Estou lhe fazendo uma oferta muito séria e é do seu interesse ouvir — disse Harris, elevando a voz.
Eu o olhei muito séria e inerte, percebendo que ele era um homem que não podia ser desobedecido. Ele me olhou de uma forma que fez meu sangue gelar em segundos, e eu voltei a me sentar na cadeira sem poder dizer mais nada.
— Isso é que eu gosto mais, que seja mais obediente. Agora, podemos continuar com as condições que eu imponho? — perguntou ele, e eu assenti com a cabeça.
— Bem senhorita Lopez, vou continuar lendo – disse o advogado – A aceitação deste contrato tem certas consequências que entrarão em vigor assim que for assinado. O casamento será realizado dentro de dois dias, em uma cerimônia civil discreta e privada, obrigando a senhorita a residir sob o mesmo teto que o senhor Harris e sua pequena filha, exercendo as funções de esposa e mãe — ele me disse.
— Espere um momento, não vou dividir a cama com você. Uma coisa é me casar porque você está me chantageando, mas não vou ser sua prostituta particular na cama, pode esquecer isso, porque não estou disposta — respondi.
— Sofia, você não consegue ficar com a boca fechada um momento, não é? Ou você não entende que não está em posição de fazer o que quiser. As condições são essas e foram impostas por mim, então, por favor, cale-se e escute — disse Harris muito sério.
— Você deverá pedir permissão ao seu marido para sair de casa ou para qualquer atividade que desejar fazer, e deverá estar em casa quando o senhor Harris retornar do trabalho e assegurar-se de que sua filha, Cintia, esteja sendo bem cuidada. Quando estiver em eventos acompanhada de seu marido, terá que demonstrar afeição, embora não lhe seja permitido manter relações fora do casamento, o que seria um descumprimento do contrato. O senhor Harris poderá então divulgar detalhes de sua vida passada para a imprensa de fofocas.
Quando o advogado de Harris terminou a frase, senti minhas bochechas queimarem. Estava tão zangada que teria saído daquele escritório sem olhar para trás, mesmo sabendo que aquela adorável garotinha era minha filha e que Harris revelaria meus podres para o público.
— Já posso ir embora? São muitas condições e eu preciso pensar — disse, intimidada pelo olhar fulminante que Harris me deu.
— Posso continuar, senhorita Lopez? — perguntou o advogado.
— Sim, por favor, mas senhor Harris, tudo isso é —--
— Por favor, Sofia, CALE A BOCA, não posso perder mais tempo, peço que feche a boca — gritou Harris.
— Vamos agora à parte das obrigações de uma mulher casada para com seu marido — disse o advogado, enquanto eu deixava escapar um pequeno grito de constrangimento, observando os homens presentes.
— Existem cláusulas que a obrigam a praticar com seu futuro marido, o senhor Harris, como um casal na cama, permitindo que ele atue como tal. Você deverá respeitar os desejos sexuais de seu marido, sem limites para as atividades sexuais, que vão desde —-------- calei o advogado.
— Ok, não continue, por favor, isso já vai ser visto. Este é apenas um casamento por contrato, não sei por que me escolheu, mas essas práticas que comenta devem ser de comum acordo e quando ambos sentirmos essa necessidade. Não vou deixar você afundar todos os meus —-
— Senhorita Lopez, sei que essa parte a incomoda, mas queremos que você saiba as implicações que esse contrato traz. E quando assinar, estará aceitando todas as condições que o senhor Harris exige — disse o advogado.
