3/ COM O ADVOGADO DO MOLEIRO
Fiquei no clube sentada em um dos sofás, tomando minha bebida, quando vi meu noivo entrar abraçando uma mulher muito bonita, alta e loira, totalmente diferente de mim. Levantei-me do sofá e tentei passar despercebida, mas os olhos de Hugo e os meus se encontraram. Me aproximei deles e me apresentei à mulher que acompanhava Hugo como sua noiva. O tapa que ela deu em Hugo fez um estrago em seu rosto, mas eu não fiquei só olhando, dei outro tapa que rompeu seu lábio.
- Suponho que saiba que terminamos - disse, jogando na sua cara o anel de noivado que ele me deu, saindo do clube.
Subi no meu carro rindo como uma boba, com as mãos no volante, sem me importar com as pessoas que me olhavam estranhamente. No dia seguinte, acordei sobressaltada, pois acabara de ter um pesadelo com Mark Harris. Levantei da cama, entrei no banheiro, tirei o pijama e me enfiei debaixo do chuveiro, deixando a água escorrer pelo meu pescoço e costas para relaxar. Saí do banho e coloquei o roupão que estava pendurado na porta do banheiro. Fui até a cozinha e vi Nancy preparando uma xícara de café.
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Bom dia, Nancy.
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Bom dia, querida. Deixei na mesa alguns pães doces e torradas com café - disse ela.
Peguei a xícara de café que Nancy havia preparado e sentei em uma das cadeiras da cozinha.
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Bom dia - disse minha mãe ao entrar na cozinha.
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Bom dia, senhora. Aqui está sua xícara de café - disse a empregada.
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Querida, você voltou a falar com aquele homem? - perguntou minha mãe.
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Não, mamãe, não soube mais nada dele. Preciso ir, estou atrasada - disse, levantando-me da cadeira e deixando a xícara na bancada da cozinha.
Fui para o meu quarto, coloquei um traje executivo e os sapatos, peguei minha bolsa e saí de casa. Subi no carro, liguei-o e segui rumo ao prédio onde ficava o escritório de advocacia. Quando cheguei e estacionei no estacionamento, fui em direção aos elevadores, entrei no primeiro que chegou e desci no andar onde ficava minha sala. Saí do elevador e cumprimentei Lina, minha secretária, antes de entrar no meu escritório. Mal me sentei na cadeira da minha mesa, minha secretária entrou trazendo o café que me trazia todas as manhãs e os documentos do julgamento do dia seguinte. Absorta na documentação que estava sobre minha mesa, ouvi alguém bater na porta do escritório. Dei permissão e vi Mark Harris entrar com dois homens.
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A que devo esta visita tão cedo, senhor Harris? - perguntei.
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Vim avisar que o casamento será realizado dentro de dois dias no cartório e que não use roupas muito elegantes. Já que nos casaremos no civil, eu irei trabalhar e você ficará em minha casa - disse ele.
— Ah, e o vestido branco com damas de honra e a espera do noivo no altar, isso não vale, né? — perguntei.
— Querida Sofia, não quero ver sua família no nosso casamento e não acho que meu irmão vai aparecer — ele disse, muito sério.
— Espero você hoje à tarde, no começo do expediente, no meu escritório. Vamos assinar um contrato diante dos meus advogados, já que há certas cláusulas que quero que meus advogados te comuniquem. Até a tarde, senhorita Lopez — ele disse, saindo do meu escritório com um estrondo ao bater a porta, parecendo que já havia se acostumado a sair sem fechar a porta devagar.
Passei a manhã inteira muito pensativa, entregando a um dos advogados do meu escritório os documentos do julgamento que ele tinha naquela manhã. Sabia que não haveria problemas, pois nos reuníamos sempre antes de um julgamento e estudávamos todos os casos muito bem. Confiava que ele se sairia bem. Depois de comer um sanduíche de vegetais e tomar um café no meu escritório, fui embora, deixando minha secretária surpresa, pois quando me despedi dela, não disse para onde estava indo. Estacionei meu carro no estacionamento do edifício dos Harris, desci do carro e peguei o elevador, descendo no andar onde ficava o escritório de Mark Harris. Me aproximei de uma mulher que estava sentada atrás de sua mesa, lendo a pequena placa que indicava que ela era a assistente de Mark Harris.
— Boa tarde, meu nome é Sofia Lopez, o senhor Harris está me esperando — disse a ela.
— Sim, senhorita Lopez, pode entrar no escritório do senhor Harris, eles estão te esperando — ela respondeu.
Me aproximei da porta do escritório, abri e entrei sem esperar que me dissessem para entrar. Fiquei na porta, observando o luxuoso escritório e me atentando aos detalhes.
— Boa tarde, senhorita Lopez — ouvi uma voz, me tirando dos pensamentos.
Um homem se aproximou de onde eu estava, sorrindo, vestido com um terno muito caro.
— Boa tarde, senhorita Lopez, por favor, sente-se. O senhor Miller não deve demorar. Aliás, não me apresentei, meu nome é Roberto Mails e sou o advogado do senhor Harris — disse ele, me oferecendo a mão.
— Tenho reuniões e espero que o senhor Harris não se atrase. Também sou advogada e preciso atender um cliente importante no meu escritório — respondi.
— Enquanto esperamos meu cliente, poderíamos revisar um contrato de confidencialidade que tenho aqui, se você estiver de acordo. Suponho que, como você é advogada, entenderá todos os pontos — disse o advogado.
— Este contrato obriga ambas as partes a manter em segredo tudo o que for dito nesta reunião e qualquer futura conversa que você tenha com meu cliente — comentou ele, me entregando os documentos.
— Não se preocupe, entendo que, sendo seu cliente um CEO importante, ele precise proteger sua identidade — eu disse.
